quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Desapegando

Brincando hoje com a minha cachorrinha percebi que tinha me desapegado do travesseirinho que tenho desde que nasci, dei pra ela dormir quando trouxe ela pra casa. Ate a fronha é a mesma. Ganhei do meu pai quando nasci. Desde então não tinha uma noite que não dormia sem ele, colocava ele no topo da cabeça e dormia. Quando era criança achava que minha mãe tinha me dado, porem um dia ela tirou saro falando que eu nem imaginava quem tinha me presenteado com ele. Na hora fiquei surpresa, mas nem liguei eu gostava do travesseiro. Fui crescendo e foi cada vez mais difícil me desapegar dele (minha família vivia tirando saro de mim por causa disso). A relação que tinha e tenho com o meu pai não é das melhores, na verdade não existe relação entre a gente, minha mãe me criou sozinha, é mãe e pai até hoje, tenho orgulho dela. Porém ainda não conseguia me livrar do travesseiro.
Então, depois de 19 anos dormindo com ele no topo da minha cabeça simplesmente entreguei a Penélope para dormir mais confortável.
Parada agora, olhando ela brincar com ele eu entendi. Inconscientemente eu não desapegava do travesseiro em si, mais do que ele representava, um pedaço do meu pai. Talvez eu sempre soube que foi ele que me deu e depois, mesmo sabendo que foi ele realmente não desapeguei, porque queria meu pai presente, criar a relação de pai e filha que todos deveriam ter. Hoje mais madura não me dói tanto e sem me dar conta desapeguei do travesseiro e do meu pai.